a audácia dessas mulheres
não escrevo aqui há mais de uma estação...
a razão? haverá alguma que justifique o silêncio, quando o anseio primo é comunicação, em prol de compreensão?
talvez apenas 'o silêncio das línguas cansadas', que como Elis, também eu quis.
agora quero expressão, em cor ou voz (por hora, em caracteres virtuais).
transcrevo palavras alheias, de sentido, porém, uníssono ao que em mim vibra:
"mas agora, no recanto, de repente, contemplando o canteiro de rosas, ela via outro sentido na aparente mutilação daqueles tocos podados. davam-se à sua decifração como se fossem uma bússola para humanos, mostrando que de vez em quando é preciso cortar sem dó para que a seiva não se disperse e possa se concentrar toda no rumo do que é essencial. ousar uma perda efêmera para garantir a fartura da safra ainda guardada mais adiante. ter a audácia de apostar no recôndito e na sua força, contra todas as evidências da superfície visível, com seu viço momentâneo e sedutor."
MACHADO, Ana Maria. "A audácia dessa mulher".
li-o no terceiro ano da graduação em letras, em literatura brasileira. aos interessados, aviso que, para buscar compreendê-lo em sua plenitude, é imprescindível reler Dom Casmurro (como diria Ítalo, a vaidade intelectual não admite leitura dos clássicos, apenas releituras), para rememorar a versão de Bento para a história que Capitolina nos confidencia em audazes anotações, descobertas em um peculiar livro de receitas confiado à Beatriz, protagonista dessas páginas de Ana Maria. a audácia de Capitu foi viver o que sentia e acreditava, a despeito das convenções e expectativas. a audácia de Bia, nesse trecho transcrito, foi conscientizar-se da regeneração salutar do destruens et construens, transcender o estático, evitar o passo atrás.
e a nossa, qual será?
do the evolution, baby!
that’s all, folks ;)
1 Comments:
Olá, Camila, li um pouco o blogue docês. Mas não li este livro, na época fiquei com preguiça, mas foi bom v. ter me lembrado. Adorei o that's all, folks. hahaha!
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